Quando mostrei a organização do meu guarda-roupa, nos comentários me pediram para mostrar o canto onde guardo meus sapatos. Essa pessoa certamente calculou que pegaria no meu calcanhar de Aquiles – sim, o meu ponto fraco, onde ainda falta arrumar. Perguntinha capciosa, viu.
Mas então, vamos lá: quem aí também não está sofrendo com a quantidade de sapatos espalhados pelo chão e sem saber onde enfiá-los? Me deem as mãossssss, que saga!
Quem acompanha o blog há mais tempo (e bota mais tempo nisso) já me viu com sapato em forma de fusca, sapato de peixe, bota de moscas, saltos altos, tênis de tudo quanto é jeito. Se fosse inusitado e ainda estivesse na promoção, sem sombra de dúvida eu levaria.
Até que uma amiga me perguntou, anos atrás, quantos pares de sapatos eu tinha. Respondi bem matreira “Acho que uns 60” e ela rebateu “Ok, e quantos ali você efetivamente usa?”. Isso deu um clique na minha mente: pra que manter tantos pares acumulando poeira, se na real eu usava apenas um ou outro?
De lá pra cá eu tirei MUITA coisa e só compro se for pra substituir outro, como a sandália bege da Vicenza que entrou no lugar de duas curingonas de verão que se desfizeram de tanto uso. Mas olha a mule ali mostrando que fraquejei, olha mais um tênis colorido que ganhei, eita lelê.
Então a real é que eles ficaram por último, mas ao mesmo tempo essa desordem me tira o sono. Detesto ver sapato espalhado, e para resolver logo esse canto eu dependo de alguns fatores, como tirar mais pares para deixar apenas o suficiente. Esses na foto são uma parte ainda, por isso estou sendo muito mais fria e calculista na hora do desapego.
Diferentemente de roupas, eu nunca liguei de pagar mais caro um pouco por sapatos – eles são os grandes responsáveis pelo tom que queremos dar às produções, e um pisante mal acabado ou detonado derruba um look inteiro. Mas comecei a acumular tantos que eu passei a enfrentar alguns problemas:
Um: onde guardar TANTO sapato. Vocês já viram o preço de uma sapateira? Papo de mais de mil reais, sem chance, por isso ainda estão desabrigados, eu não posso gastar essa grana.
Dois: manutenção. Deixá-los livres de poeira, consertar saltos ou fivelas, limpá-los, tudo isso começou a demandar mais tempo do que eu gostaria.
Três: como eram muitos, vários ficaram intactos por muitos anos porque eram pouco usados. E, nessa, começaram a se desfazer de tanto tempo guardados. Ou apareceram manchados. Reparei também que os que duraram pra valer e quase sem danos eram justamente os que eu usava com maior frequência.
Vou orçar quanto custa mandar fazer uma sapateira porque prefiro todos bem armazenados, longe de gatos e poeiras e prefiro não visualizá-los – espero que saia mais em conta do que uma pronta na loja.
A minha sorte é que, de tanto trabalhar reduzindo guarda-roupas, já estou farta de ver coisas atravancando o caminho! Estou a poucos passos (piadinha, hein, hãn), de finalmente resolver o meu cantinho zoneado dos sapatos, uhuu! Não quero mais espalhar coisas e muito menos ter algo em excesso. É um processo, mas eu estou resolvendo graças a alguns hábitos de consumo que fui incorporando à minha vida ao longo dos anos:
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Parei de comprar por comprar
Sabe aquela praga chamada compre três pares e ganhei mais três? Na verdade eu nunca embarquei nessa porque tentava manter mais a consciência, mas conheço várias pessoas que já se sentiram encantadas com a possibilidade de dobrar o número de sapatos e levar vários pisantes novos pra casa. É tentador, comprar vicia mesmo, mas não adianta entulhar a casa com dezenas de pares que serão usados uma única vez ou amontoá-los em outros lugares já que você não tem espaço.
E sapato ocupa MUITO espaço. Eu tinha uns 5 pares de botas que eu ganhei e simplesmente não usava, porque né, Rio de Janeiro, calor o ano todo e tals. Reduzi para duas e mesmo assim estou questionando a presença da de cano alto. Acho que ano passado só a usei apenas uma vez e nem na minha viagem eu senti vontade de levá-la, por isso me irrita olhar para o canto do quarto e vê-la ocupando um espaço.
2. Não compro mais nada que não calce bem na hora
Sabe aquele papo de “pode comprar, quando você usar ele laceia”? Não caiam nessa, o sapato não vai lacear e provavelmente ficará parado, te provocando e mandando um “lero-lero” toda vez que você tirá-lo da caixa. Já caí na besteira também de comprar um número maior que o meu, naquele desespero de ter que ter determinado modelito, comprar palmilha de ajuste pra tentar sanar o maledito saindo toda vez do pé, e o resultado foi dar adeus pra ele, meses depois, no enjoei.
Eu tento andar muuuito com o sapato pela loja e, se eu tiver qualquer dúvida no caminhar, se não achar macio e nem confortável o suficiente, não levo.
Normalmente eu levo uma meia hora provando aquele sapato, me imaginando nas situações, pensando que na loja tem ar condicionado e ele se comportará de outra forma no meu pé inchado e suado de calor. Se eu compro online, testo em casa com muito cuidado e avalio também os materiais: evito com todas as forças sandálias de tiras com materiais que arranham, como glitter ou que sejam notoriamente duros, como verniz.
3. De quantos tênis uma pessoa precisa?
Eu AMO tênis. Amo amo amo. Mas não precisava ter comprado tantos, rs. Contabilizei 8 pares, sendo que uso pra valer apenas três. Sim, eu substituí salto alto e sapatilhas pelo conforto e despojamento, mas não precisava de uma coleção deles. Comprei alguns por puro modismo e por estarem em uma super promoção, confesso, e me arrependi. Paguei barato, mas ficam parados, então de que adianta?
Sempre que rola aquela vontade de descontrole, hehe, penso na quantidade de vezes que vou usar aquela peça e com quais roupas. Ler o Menos é mais está me ajudando muito: não adianta achar lindo ter um par de cada cor se, efetivamente, na hora da correria, vamos no mais fácil de coordenar, no mais macio, naquele que resolve a sua vida numa viagem. Acho uma graça tênis vermelho, mas só usei o meu uma vez, então vou me ater a admirá-lo nos outros. Não precisamos ter todos os modelos do mundo! 😉
4. Estou tentando evitar modismos e convenções
Usar o que se tem é a melhor maneira de fazer valer seu tempo e dinheiro. Não cair em ladainha de tendências e o que está na moda mesmo que não tenha nada a ver com seu estilo, entender que tem toda uma indústria trabalhando para enfiar nas nossas mentes que somos centopeias ou qualquer outro estereótipo que jogam pra cima da gente pra justificar qualquer consumo desenfreado.
Pesquise mais as marcas, conheça o processo de produção, o que essa marca faz de bacana pro mundo, busque por mais materiais de qualidade, perceba o que você realmente gosta de usar. Vale pagar mais caro pra ter menos e com mais qualidade, vale esperar liquidação pra investir, vale eventos de trocas, pegar emprestado da amiga ou família se você tem um evento e sabe que não vai usar esse sapato nunca mais.
Por exemplo, se você não sente à vontade de salto alto, para que usá-lo num evento, só porque virou convenção? Essa rasteira da foto eu usei para ir a um casamento (tem foto do look aqui!), me senti bem elegante e ela ainda rendeu em várias produções do meu dia a dia. 🙂
Claro que continuarei amando com força meus sapatos mais exóticos e gostando de uns mais diferentões – a ideia aqui não é mudar o que se gosta e forçar uma monotonia –, mas tenho pensado mais e avaliado bem antes de sair passando o cartão pra todos. 🙂
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Agora eu lanço pra vocês a pergunta: vocês conseguiram organizar seus sapatos? Usaram sapateiras de madeira, metal ou estantes? Ou vocês ainda estão sofrendo com tudo espalhado?
Espero resolver essa saga em pouco tempo. Cruzem os dedos!
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