Primeiro, perdoem o sumiço. Eu fiquei bem doentinha mesmo e estou me recuperando para os workshops desse final de semana (ainda tem poucas vagas, aproveitem!). Mas tem um assunto que está na minha manga desde antes da minha viagem de mini-férias e que ele só cresceu em quantidade de links desde então: repararam como várias blogueiras estão falando ultimamente sobre minimalismo no armário, aperfeiçoar o estilo, enjoar do que tem, reduzir o tamanho do guarda-roupa e por aí vai?
Não acredito que tenha sido apenas coincidência ou influência astral: eu mesma não aguento mais abrir blogs que só mostram dicas para acompanhar as tendências ou mostram as mil comprinhas da semana, a coleção de cinquenta blushs, as dicas de achados em lojas que não vão acrescentar em nada no estilo da pessoa. Saturei. Eu e mais meio mundo estamos com outro pensamento (olha que maravilha!), eu estou cada vez mais inquieta sobre o assunto e com uma vontade louca de frear tudo e resetar as ideias. Para ajudar a organizar os pensamentos e a inspirar, eu fiz uma linkagem especial sobre o tema, vamos lá!
Repensando a forma que consumimos moda
Abro este assunto com este ótimo post da Thereza analisando que a forma de consumirmos moda está mudando. Um dos exemplos que ela cita no post é das redes sociais – pensa só, blogs eram hits em 2013 e a audiência agora se concentra mais em youtube e instagram.
(amo essas fotos de closet enxuto com uma sacolinha básica da Chanel hahaha)
O consumidor está mais atento, tem mais acesso a informação em diversos meios, não só revistas, e pode comparar, escolher o menor preço, perceber mais o custo X benefício. Pode comprar sem sair de casa, escolher o que veste melhor e devolver em até 7 dias, cobra mais a origem do que consome e mais de olho com o trabalho escravo (vou escrever um post sobre isso em breve), se paga mais caro também quer mais qualidade e não vê mais tanta vantagem assim em consumir na velocidade das fast fashions pois percebeu que é mais esperto esperar os momentos certos para comprar melhor em outras marcas.
E a gente vê que isso tudo faz sentido e estamos mesmo caminhando para novas formas de pensar e consumir moda quando todo mundo está escrevendo e sentindo a mesma coisa. Há muito tempo, desde que comecei a trabalhar de casa, eu tenho sentido metade do meu armário inútil. Comprei um armário relativamente grande há 2 anos, trabalhava fora, tinha mais eventos de trabalho e blog e há alguns anos (desde 2011) eu estou trabalhando no meu estilo, que foi amadurecendo, que eu percebi melhor o que funcionava pra mim e o que era necessário entrar para fazer o meu armário mais coerente e não comprar apenas porque era um item incrível, de desfile, escalafobético – tenho mania de roupas e sapatos meio exóticos.
Quando parei de sair diariamente para trabalhar, aquela quantidade de roupa passou a não fazer mais tanto sentido. Eu não uso mais camisas diariamente, posso ficar muito bem com minhas regatinhas em casa e a frequência com que saio a trabalho me fez repensar diariamente o que tenho. Não sou a pessoa com a vida social mais movimentada e meus amigos adoram um boteco. Não sou chamada para super eventos por causa do blog, então também não faz sentido. E cada vez que abro o armário é um martírio pensar em mil possibilidades, quando minha criatividade poderia se virar muito bem com metade daquilo.
Armário-cápsula, minimalismo e limpeza do guarda-roupa
Uma que contou bem sobre o processo de revitalização do armário – que é o nome que damos em consultoria para destralhar o guarda-roupa e encontrar novos sentidos no que já temos, sem ser só tirar coisas fora – foi a Consuelo, que deu um passo-a-passo bem simples e eficaz para tirar o que não usamos mais mas temos dúvida se voltaremos a usar ou se doamos, e mostrou na prática vários looks com peças esquecidas que foram redescobertas com a revitalização.
Um link que estourou há algumas semanas foi o dessa moça que criou um blog sobre ter um armário-cápsula com 37 peças. “A Caroline vive com um guarda-roupa que possui 37 (ou menos) peças no total, contando com partes de cima, partes de baixo, vestidos, casacos e sapatos. Ela vai trocando algumas das peças a cada 3 meses, conforme as estações do ano forem mudando. Então, apesar de viver com um armário de 37 peças, a Caroline ainda possui mais itens guardados em duas caixas debaixo da cama, que são mais adequados para outras estações do ano.”
Retirei esse trecho acima do blog da Gabi, que foi uma das que difundiram a ideia do armário-cápsula e está colocando em prática em vários posts (aqui e aqui), com fotos e como ela está sentindo a experiência. Tem sido muito legal acompanhar as reflexões dela, o que tem facilitado e até dificultado (inspirando mais a usar a criatividade com as limitações!) na hora dela montar os looks.
Mais uma que disseminou a ideia do armário-cápsula é a Thais, minha companheira de workshop (aliás, 15 de agosto estaremos aí, SP!) sobre organização de guarda-roupa. Ela também criou sua própria coleção de 40 peças para usar nesta estação – o armário cápsula é sazonal, montado de acordo com cada estação, ou seja, sofre mudanças e avaliações a cada três meses – e está relatando como foi separar cada uma delas.
A Bárbara é outra blogger que também está com essa mesma questão de ter ampliado o guarda-roupa com os anos de blog e agora percebeu que não tem tanta demanda para ele – e que isso só aumenta sua ansiedade e gera frustração. Ela está enxugando o armário e colocando em prática técnicas de organização. A Carol também está nessa fase e ela fez um post muito bacana sobre isso, os 5 passos para mudar seu estilo e como está sendo o seu processo de perceber o que realmente gosta, o que entra e o que sai.
O legal é que a internet pode e deve ser uma rede colaborativa, em que boas ideias vão dando margem a outras boas propostas. Até eu fiquei curiosa sobre como me adaptaria a um armário-cápsula na minha versão, com mais cores e estampas, já que não sou exatamente uma pessoa básica. Será que tento?
Sem gerar lixo
Outra que tem mudado demais minha visão sobre consumo consciente é a Cristal, dona do um ano sem lixo. Transformador, mesmo. Ela está no extremo de mostrar como é produzir o mínimo de lixo no planeta, descartando até saquinho do pão (ela leva o dela, de tecido), talheres, canudos, papéis de caixas registradoras, sacolas, giletes, tudo, tudo. Estou a psycho do lixo também e me policiando para, na hora das compras, não aceitar sacolas nem embalagens das lojas. Eu chego em casa e a maioria esmagadora vai pra lixeira mesmo, então qual é o propósito? Aliás, todo presskit que recebo eu deixo as embalagens num canto para levar pro centro de reciclagem.
Novos rumos
Muitos links, muitas ideias, tudo isso pra dizer que eu mesma estou repensando TUDO. Repensando o blog, planejando mais ideias práticas sobre termos menos e sermos mais felizes assim, sobre meu próprio vestir mais uma vez.
Cada vez mais estou mirando em peças com design mas que sejam mais limpas, ou que funcionem como transformadoras de produções sem que eu precise necessariamente ser tão over. Continuo gostando de cores e estampas, de querer ser criativa, mas cada vez mais tenho trocado a sapatilha “que uso só duas vezes porque apesar de linda, machuca o pé” pelo tênis “que é estiloso, vai com tudo e é uma delícia de tão confortável”. Mais praticidade mas sem perder o espírito experimentador de ideias, de arriscar e ousar – só estou simplificando meu caminho e garantindo menos gastos desnecessários.
Vou pensando aqui como aproveitar tantas boas ideias das minhas colegas de internet para colocarmos juntas algumas novas propostas aqui pro blog em prática. Alguém tem alguma sugestão de link, livro ou ideias de posts? =)
Update necessário: respondendo os comentários, não sou a favor de extremos. Como admiradora das práticas budistas, acredito no caminho do meio. Mas acho muitas propostas extremistas interessantes para quem as segue por ser o caminho da pessoa, mesmo que ela encontre flores no final dele após ter pisado o percurso inteiro em espinhos. São experiências que nos fazem pensar, que sacodem nossas estruturas, nos tiram da zona de conforto e plantam uma semente da mudança. Cada um tem a sua experiência, a sua adequação e as suas necessidades e é essencialmente importante respeitar isso. <3
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