Outro dia uma leitora comentou que eu poderia escrever sobre esse meu feliz encontro com a estética minimalista. Adorei a observação e achei super oportuno comentar aqui como tenho caminhado cada vez mais pra esse visual mais simplificado!
A diferença do estilo minimalista pra estética minimalista é que o estilo fala mais sobre algo básico, sem muitos detalhes, tipo jeans e camiseta, algo mais pra simplicidade – e, atualmente, muito difundido por conta do desejo coletivo cada vez mais forte por termos poucas e boas peças, na contrapartida do consumismo vazio e desenfreado, numa busca por um propósito de nos preocuparmos mais em sermos do que termos.
Já a estética relacionada ao tema é algo difundido em várias áreas, que tem a ver com manifestações artísticas e está relacionado às formas mais limpas, sem muitos detalhes, poucas cores e estampas. A forma é mais importante, priorizando linhas retas, a geometria, ângulos e estrutura.
Tenho falado pra caramba dessa minha preferência por esse estilo e modelagem e foi algo que construí ao longo dos anos: antes eu usava muitas estampas literais, mais orgânicas, muitas cores. Aos poucos fui limpando tudo isso, preferindo bem mais os cortes angulosos e nitidamente fui notando como essa linha se adequava bem mais à minha aparência e estilo pessoal.
Mas, observando fotos antigas, mesmo usando peças que hoje eu não usaria mais (hehe), muitas peças seguiam mais essa proposta, inclusive as mais românticas (coisa que era meio que moda na época, mas que nem passo perto hoje em dia), tinham esse viés mais estrutura do que necessariamente tudo arredondado ou fofucho.
Atenção: fotos dos anos de 2009 e 2010 garimpadas pela Mari Rodrigues, contém cenas fortes! Hahahahahahaha!
Na real eu sempre tive predileção por esse estilo, só não entendia e nem sabia ainda como traduzi-lo. Ainda tem a questão de não serem formas e nem modelos muito usuais no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, terra da descontração, dos vestidinhos soltinhos e estampas ao estilo FARM.
O mais legal foi que, por conta do meu trabalho, eu fui percebendo e construindo isso aos poucos, ao longo dos anos. Deixei de comprar por comprar, até por não ter identificação com o estilo e qualidade de várias marcas daqui, por ter esse gap de algo tão específico, que muitas vezes depende das tendências e sazonalidade – então eu prefiro não comprar nada e deixar para adquirir só o que gostei demais e o que segue meu estilo mais arquitetônico.
Aliás, são poucas as marcas com essa pegada mais cosmopolita, digamos assim. Na maioria das vezes eu deixo pra comprar e visitar as marcas quando viajo pra São Paulo, que é onde eu mais encontro opções pro meu vestir.
O estilo das roupas
Tenho seguido algumas premissas para me guiar nesse estilo. Fico mais atenta a esses detalhes para não me desvirtuar e decidir por algo que possa ficar encostado. Por exemplo, comprei uma blusa com babados nas mangas; não curto babados, comprei mais pela cor, o que me faz usar a blusa só com jaqueta, já que tenho uma mega dificuldade com essa parte fofucha dela!
Ângulos: decote canoa, decotes em V profundos, saias com assimetria, diagonais e drapeados mais exagerados
Tecidos mais encorpados ou estruturados
Poucas cores – sim, domínio total de pretos e brancos ou cores lisas
Estampas mais abstratas e grandonas, predileção pelas geométricas
Sapatos e acessórios
Os acessórios também passarem pela peneira do estilo. Eu ainda tenho muito o que tirar das gavetas, mas a real é que adoro ainda um colarzão, brincão, pulseirona e anelão – tudo no superlativo, porque eu amo mesmo um acessório grande, chamativo!
E percebi que gosto também de poucos e bons acessórios quando monto uma produção. Isso também me ajudou a frear o consumismo nessa área, já que tenho repetido basicamente os mesmos toda vez que vou me arrumar, mas confesso que ainda preciso me desapegar de vários, tudo sem uso ultimamente.
Os meus preferidos são os acessórios da marca Luiza Dias 111, Erika Z e Montageart, além da Sobral. Coloco um ou outro e pronto, já me sinto incrível com pouco!
Os sapatos também entraram na dança: até as sapatilhas mantém um layout diferente, com formas pouco convencionais, além da minha atual predileção por sapatos de ponta fina, sem contar os modelos mais pesados e as sandálias flatform.
Acho mais fácil encontrar sapatos nesse estilo do que as roupas, mas ainda assim tenho tentado priorizar marcas pequenas do que as que todo mundo conhece.
O que eu mais tenho gostado disso tudo é de finalmente sentir que minhas roupas têm sido uma extensão fidedigna da minha essência. Às vezes penso o quanto nos afobamos por seguir algo ou copiar o estilo de alguém que admiramos, mas falta muito enxergarmos nós mesmos, entender mais o que realmente parece fazer parte do nosso conjunto.
Sem dúvida o olhar vai se aprimorando com o tempo, tipo um bom vinho, e vai nos aproximando mais da imagem que queremos passar pro mundo e pra nós mesmos. Vestir-se é puro treino e experimentação e passa por uma evolução natural ao longo dos anos.
O maior ganho foi saber peneirar e só escolher o que realmente gosto e tem a ver com o que já tenho, além de economizar muito mais, de me vestir com mais facilidade e perder infinitamente menos tempo me arrumando, já que tudo (ou quase tudo, vamos combinar) que mora no meu armário é uma tradução bonita de quem sou.
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