Essa é a história de duas saias pretas. Por que enfatizei “duas”? Simples: eu tinha muitas saias dessa cor no armário. Mas nenhuma arrebatava meu coração como essas aí.
Às vezes nos apressamos em resolver nosso guarda roupa, seguimos o que ditam como “tem que ter” (como quando comprei uma saia lápis preta porque achava que seria importante para trabalhar com clientes corporativos) , acreditamos que saias pretas resolvem todos os looks (quando como mostrei aqui que isso é uma falácia) e muito também por desconhecimento de marcas que traduzem nossa essência.
Compreender que leva tempo para construirmos nossa identidade visual (assim como várias outras coisas na vida) é meio caminho andado para entendermos que algumas compras são desnecessárias, que agimos mais no impulso e desejo de ticarmos certos itens das nossas listas. E é assim mesmo, tentativas, experimentação e uma boa dose de maturidade. 🙂
Eu amo essa saia com todas as forças do meu ser, hahaha! Acho das peças mais elegantes do meu guarda roupa, e, sem dúvida, uma das que mais traduzem isso que escrevi aí em cima.
Eu estava dando uma volta pelas marcas de Belo Horizonte, quando estive na cidade para um workshop. Gosto de várias marcas na cidade, então eu sinceramente prefiro mil vezes acompanhar as novidades de lá do que as daqui do Rio – onde tudo tem muita estampa, cores que não combinam muito comigo, e modelitos despojados demais até pra uma carioca, como eu. Entrei numa multimarcas atrás dessa sapatilha aí, que é vegana, aliás, e conheci as roupas dessa marca, que arrebatou meu coração.
Detalhe: a saia custou muito mais barato que vestidos de marcas cariocas, de qualidade infinitamente inferior. Durma-se com um barulho desses.
Blusa e Saia Valeria Mansur Atelier (BH)
Sapatilha Estúdio NHNH (BH)
Brincos Trocando em Miúdos (PE)
Anel Elisa Paiva
Já essa saia aí debaixo é um achado daqueles que me deixam orgulhosa: Comme des Garçons, aquela marca japonesa com um design incrível e preços impossíveis, diretamente de brechó em São Paulo, por R$200!
Também aproveito minhas viagens à capital paulista para observar as mil novidades que a cidade oferece. Uma delas, sem dúvida a que eu mais amo, são os roteiros pelos brechós (aqui tem um e aqui tem outro que fiz), sempre recheados de opções incríveis. Não à toa eu realmente prefiro poupar tempo e dinheiro para fazer essas boas escolhas.
O trabalho de modelagem de ambas as saias é impecável, mas essa é enviesada, tem um movimento de encher os olhos, mas, infelizmente, tem um único porém: é quente demais para o Rio. Essa sou eu, a pessoa que ignora completamente o calor quando se depara com um achado maravilhoso, hahaha!
Mas posso dizer que estou aproveitando muito as viagens para locais mais frescos e a própria estação que às vezes nos presenteia aqui com uma brisa mais amena, para usá-la sempre que possível, repetindo até dizer chega, fazendo valer a sua aquisição.
Saia Comme des Garçons no Brechó Madame La Marquise (SP)
Blusa Zara
Sandália Gilson Marques
Brincos Trocando em Miúdos (PE)
Fotos: Denise Ricardo
Amo contar as histórias das minhas roupas. E amo quando elas vem carregadas de significado. <3
Há uns bons anos eu entendi que gostava de passar uma mensagem elegante no meu vestir – e chegar nessa projeção foi um processo e uma estrada. Mas sou zero afetação em muitos quesitos (não a toa carrego o #modapénochão como premissa de vida, porque é a minha realidade), principalmente naquele molde que encaixamos esse tipo de mensagem.
Sou dinâmica, faço mil coisas e meus movimentos são rápidos, por isso demorei a entender que não precisava ter uma saia lápis ou insistir no salto alto para isso. Que a mensagem pode e deve ser adaptada a cada indivíduo. Por exemplo, só o estilo mais esportivo acompanha esse meu ritmo, o que trouxe de volta os tênis e saltos baixos para minha rotina. Também entendi que não precisava ter uma blusa nova sempre: hoje, eu aguardo sem pânico o momento e sei onde eu gosto de investir em peças melhores e mais bem cortadas. Que não gosto de acessórios convencionais – a criatividade se faz presente em peças de materiais alternativos e desenhos diferentes.
E foi assim, me conhecendo, me RESPEITANDO, compreendendo minha essência, que eu cheguei onde eu queria, a fase em que estou em paz com minha imagem. Que ela reflete tudo que eu sou. Que isso demorou um bocado e veio atrelado a maturidade, com boas doses de autoestima. Que não se baseia apenas em seguir o que se estipula de modelo, mas compreender que adaptar esse estilo de vida ao que gostamos de verdade transforma o nosso vestir em algo mais único. Essencial. Atemporal. Duradouro.
Compreender-se vai além de comprar roupas bacanas. Com R$1 somos capazes disso. E, caramba, como é importante e bonito se dar conta de que respeitar esse processo é das coisas mais sabidas que existe.
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