Semana passada fiz um bate-volta em Curitiba para um bate papo a convite de um shopping na cidade. Peguei um voo matutino e, como o evento era só à noite, aproveitei para dar um rolé para conhecer algumas marcas fora do circuito tradicional, já que as últimas vezes que fui foram para o workshop e turistar.
Preciso destacar que não faço muito isso aqui no Rio de Janeiro, infelizmenteàs vezes acho que as marcas caem na repetição de um estilo jovial demais (muito cropped, malha de viscose, tudo curto e com estampas estilo Farm), o que parece que todo mundo se veste igual. Enfim, desabafos.
E, olha, meus olhos brilharam com o que vi. Curitiba se tornou minha nova rota da moda – vocês sabem que, antes dela, eram SP e Belo Horizonte!
As marcas que conheci
A primeira da lista foi a Reptilia! Eu já seguia no instagram e babava nas coleções de corte minimalista, com cores lisas, estruturas mesmo em malha, transparências com bordados que valorizam o movimento, com o conforto como prioridade. A loja ficava perto do meu hotel, foi moleza chegar e me deparar com essa beleza de espaço. <3
O look é meu (esqueci de fotografar com peças deles), mas o sapato é de Curitiba também, a Apuê
Além da decoração incrível (a Helô, designer da Rep, é arquiteta de formação), o atelier fica nos fundos da loja, e dá pra acompanhar toda a produção, conversar com a equipe e trocar ideia sobre os processos. A matéria prima é brasileira, de tecelagens nacionais, e a escolha nem sempre é simples, muitos tecidos são tecnológicos. Além disso, todas as sobras são reaproveitadas em novas peças ou então os resíduos têxteis são encaminhados para projetos sociais ou marcas que trabalham com esses materiais.
O conceito também faz valer de peças atemporais, que sejam coordenáveis entre si e durem muito. A grade não contempla tamanhos maiores, apesar das malhas serem mais versáteis pela elasticidade, mas considerei esse o único ponto negativo. Ajustes são mega possíveis lá, adaptação de peças, tudo pode ser feito no atelier.
Eu AMEI a modelagem e caimento das peças, experimentei muita coisa e trouxe boas brusinhas comigo – lembram que já falei que blusas bem executadas são difíceis de encontrar? Pois bem, a Rep preencheu esse meu vazio, comprei muito satisfeita. E falando em comprar, os preços não são assim uma pechincha, mas não achei nada abusivo pela qualidade, pesquisa e processo: blusas estavam também na liqui, saíram a 140, 150 reais, e túnica a 180 reais.
Fiquei muito feliz mesmo de conhecer a marca e deu um quentinho no coração observar tanto comprometimento com o que é produzido e com quem está consumindo.
Atelier e Loja Reptilia
Alameda Prudente de Moraes, 1282 – Centro, Curitiba/PR
Em seguida eu fui conhecer a H-Al, ou Halarte, de Alexandre Linhares e Thifany F., que se define como uma marca de vestes experimentais já há 10 anos re-existindo na capital paranaense. Eles trabalham com sobras têxteis e reaproveitamento de peças, como vestidos de festa, por ex. E aí meus olhos se encheram de lágrimas: a moda autoral pulsa! Ela vive!
Que SAUDADE enorme de ver algo desse gênero aqui no Rio. De observar pesquisa, peças fora da curva, com ideias próprias sem acompanhar necessariamente tendências. Que experiência mais bonita conversar com criadores, não ter pressa, simplesmente admirar e entender que ali é um espaço de respiro inspirador. Um flerte de artes plásticas tarduzidas em experimentações de superfícies têxteis, tudo lá é adaptável também – não se trata de peças louconas muito conceituais, pelo contrário! São roupas possíveis, que contam histórias pelas suas consturas e retalhos.
Por conta disso muitas peças são únicas e os preços já são mais elevados, mas entre 200 e 700 reais – e, gente, vamos combinar que esses valores avistamos em lojinhas de shopping, vamos combinar? Que não têm, aliás, 1/5 do processo e da qualidade deles, então só quero colocar isso mesmo como parâmetro.
Não fotografei de corpo inteiro, mas esse vestido de festa é feito a partir de retalhos de outros vestidos, com as rendas todas reunidas. Várias histórias numa peça única, contando uma nova história.
Comprei a blusa de tule aí embaixo e preciso também pontuar esse embrulho, feito pela própria Thifany. Poesia na etiqueta, nada de papel seda e plástico.
h-al
al. Prudente de Morais, 445, Curitiba/PR
A Apuê é de sapatos, eu também os acompanhava pelo instagram e consegui experimentar alguns na loja da Reptilia. Adorei ver que o solado é de borracha, eu que adoro derrapar com solados lisos, hahaha! A ideia é sapatos com estilo atemporal e excelência nos materiais, com cortes e formas também muito interessantes. Eu AMEI MUITO.
Aqui tem onde encontrar em Curitiba – no RJ, vende na loja da Augustana.
A Yë eu não conheci lá, mas enviaram pra mim uma bolsa desenvolvida para o desfile do estilista Ronaldo Fraga, em forma de peixe, com alça de anzol. Eu MORRI hahahaha, muito maravilhosa! As peças, aliás, são vendidas online – não pesquisei a fundo para ver se eles têm pontos de venda na cidade.
A bolsa possui recortes em couro e o fecho é pelo anzol – também veio um cinto e dá pra colocá-la pendurada, como uma pochete. Os acessórios são feitos artesanalmente, em couro e madeira, com um perfume oriental. Todos os detalhes são bem pensados, desde o guia para conservação da peça até a identidade visual. Fiquei muito feliz em observar que as marcas ainda querem investir no lúdico em seus processos criativos.
Que lindeza, Curitiba. Obrigada! <3
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