Quarta-feira de cinzas foi o aniversário da cidade de São Sebastião do RidJanêro, e eu, que sou orgulhosamente parte da terceira geração de cariocas da minha família, a despeito de todas as minhas ressalvas sobre nosso estilo de vida e muitas outras coisas graves que vivenciamos, tenho um orgulho n’alma de ser cria da zona norte e de saber identificar e regozijar todas as belezas que o lado de cá do Rebouças me traz.
Confesso ser extremamente bairrista, a grande Tijuca me abraça e dificilmente topo algum programa que seja fora do meu bairro – aliás, morro de preguiça de me deslocar, rs. Jantar bacanudo? Piscina no verão? Cervejinha e papo bom? Sambinha bamba? Tenho tudo aqui na ZN <3
Sou botequeira (olha aí heim, sem duplo sentido) com gosto e troco muito menu de restaurante por uma cerva gelada e um petisco. Adoro sentar e ficar horas conversando, discutindo aleatoriedades e fazendo amigos em cada um desses locais. Aliás, meu ascendente em touro me torna uma ávida caçadora de bares, com o objetivo principal de experimentar e atestar os pratos da baixa gastronomia.
Isto posto, peço licença para abordar mais temas que não envolvam costuras e tecidos, mas que eu sei, aaahhh, eu sei que vocês também gostam: a lista de botecos cariocas que eu adoro frequentar! Afinal, pés sujos (ou copos sujos) também fazem parte do tema OFF, é ou não é? 🙂
Todos dessa lista ficam na zona norte do Rio e, no quesito gastronômico, são fora de série! Cerveja estalando de gelada, comida de boteco de raiz, atendimento de primeira e tudo com muita qualidade:
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Cachambeer
O Cachambeer mora em nossos corações. <3 Boteco sensação do nosso subúrbio, surgiu quando o dono, assíduo frequentador de uma birosquinha do bairro, decidiu comprá-la do dono. Detalhe: ele estava na mesa desse bar, bêbado. No dia seguinte, acordou de ressaca mas elevado ao posto de empresário, e não se fez de rogado; o boteco ampliou e ganhou fama, com filas da hora que abre à hora que fecha. O lema do estabelecimento, é: “se algum dia chopp estiver quente, a gente fecha a birosca e vai beber em outro lugar”.
O mais bacana é que a gente se sente habitué, mesmo na primeira vez lá. O atendimento é excepcional, você já começa a comer e beber na fila e o cuidado começa da mesa sendo limpa cuidadosamente até a hora de fechar a conta, quando chega a saideira sem que precisemos pedir ou implorar (aqui no RJ os bares não servem saideira, que é uma rodada extra de cerveja ou chopp).
Com petiscos de nomes sugestivos, como Porquinho embriagado, Tábua hipertensão e Infarto completo, o carro chefe definitivamente é a costela que marina por 12h num molho de ervas e é assada por mais 6h em forninhos na calçada em frente. Essa bendita é servida de forma suculenta com farto acompanhamento de arroz, farofa, batata frita e vinagrete. É de comer rezando, de tanto que a carne se desmancha!
A porção é muito generosa: a de 2 pessoas serve com sobra para até 4 viventes e o preço é bem amigo (estou sem ir há um ano, mas costumava ser R$75 a porção pra 2) – aliás, todas as porções são muito bem servidas. Ah! Se estiver na espera, não esqueça de pedir um pastel de costela. Obrigada, de nada.
Como tem um bom tempo que estou sendo herege e não vou lá, este post do Destemperados tem várias fotos com detalhes do bar e das porções!
Cachambeer
Rua Cachambi, 475 – Lojas A/B – Cachambi
Rio de Janeiro /RJ
Telefone: (21) 3597-2002
Aceita todos os cartões
www.cachambeer.com.br
2. Boteco do Peixe
A simplicidade de um pé sujo escondidinho pode, de início, causar desconfiança. Você senta meio cabreiro numa das mesas da rua, mas aí pensa que já que está no inferno, abraçará o capeta e pede uma casquinha de siri de entrada por ótimos R$10. Quando a bendita chega, vem então a consagração: é de lamber os beiços e ficar com vontade de pedir mais.
Os atrativos são os preços super amigos quando se compara com o cardápio oferecido: moqueca de peixe a R$50 e que serve duas pessoas? Como assim? Pois eu digo: foi assim, um absurdo de gostoso! Que tempero, minha gente. Que tempero! Sem contar o atendimento carinhoso, coisa rara quando se fala em Rio de Janeiro. Uma joia na Praça da Bandeira, que me foi apresentada pelo queridíssimo sambista Gabriel da Muda. Aliás, sigam o moço que ele sempre traz boas dicas para quem é bom de garfo <3
Boteco do Peixe
R. do Matoso, 125 – Loja P – Praça da Bandeira, Rio de Janeiro – RJ
Telefone:(21) 3576-7520
Aceitam cartões
Abrem todos os dias das 10h às 22h, domingos e segundas das 10h às 18h
3. Santo Remédio
O bar fica numa esquina onde já foi uma locadora de vídeos. Como eu sei? Ora, morei nessa rua por 15 anos e, na época, o Grajaú não tinha quase nenhum atrativo gastronômico – tirando o Bar do Adão, claro. Minha família ainda mora no bairro e sempre que vou pra lá curtir uma piscinina, invento um pretexto pra comer nesse que foi o campeão do Comida di Buteco de 2015, com um prato de moela com jiló! E na esquina da rua que cresci, UAU!
Reza a lenda que tudo que sai da cozinha tem o poder de converter os paladares mais descrentes, daqueles que deixariam São Tomé morto de orgulho. Pois bem, eu presenciei um desses milagres: meu marido foi convertido pelo jiló deles, que vem empanado e generosamente salpicado de queijo.
O Santo Jiló vem numa porção generosa e custa R$37 – não é barato, mas é inesquecível. Eu, que nunca imaginei ver meu marido pedir jiló na vida, presenciei o moço repetindo a dose numa segunda travessa. SOZINHO! Experimente também um dos pratos executivos do estabelecimento, muito bem servidos e com temperinho caseiro, cozinha de mão cheia!
Santo Remédio
R. Uberaba, 63 – Grajaú, Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (21) 2238-9915
Aceitam cartões
Aberto de terça a quinta das 15h à 0h, sexta até 01h, sábado das 11h à 0h e domingo das 12h às 22h
4. Bar do Omar
Ok, não é na zona norte, mas vamos considerar que a zona portuária foge do roteiro batido de zona sul e é super democrático! A primeira vez que eu fui ao Bar do Omar, eu senti uma alegria sem fim, como se minha fé na cidade fosse renovada. Que lugar alto astral!
O boteco ficar no alto do Morro do Pinto (próximo a Fábrica Bhering!) e é a família inteira quem administra, com a esposa do seu Omar na cozinha, ele e a filha Mari cuidando do salão e o filho atacando de fotógrafo para quem quiser um registro com a vista incrível da laje, contemplando o Porto Maravilha, Baía de Guanabara e a ponte Rio-Niterói.
O local, que começou só como complemento para a renda da casa, fez tanto sucesso que Omar comprou o terreno ao lado e fez uma laje, ampliou o negócio, mas mantém a alegria e a simpatia em alta: bate palma, pergunta pros clientes se está tudo bem, todo mundo aplaude sorridente em tom afirmativo. Em seguida, Dona Ana passa de mesa em mesa perguntando se os petiscos estavam do agrado. A mandioca, aliás, é plantada pela família para ser servida no bar (!!!!!!!).
O hambúrguer é famoso, assim como a batida de maracujá, batizada de OMARacujá, que agora é vendida até em garrafas para quem quiser levar um pouco dessa carioquice pra casa. 🙂 Os preços eram bem ok, já tem um tempinho que não vou, por isso estou um pouco por fora inclusive dos sambinhas que estão rolando por lá, preciso corrigir isso. Mas, ó, vá sem medo de ser muito feliz 🙂
O Omar tem um lema para seus fregueses, “Não gostou, não paga”, mas tem um porém, tem que deixar no prato. Comer tudo e falar que não gostou, não cola. =D
Rua Sara, 114, Rio de Janeiro/RJ
Telefones: (21) 223-4249 ou 98289-3050
Aceitam cartões
Abrem de quarta a sexta das 17h à 00h, sábado 12h às 23h30 e domingo 12 às 20h
5. Bar do Bode Cheiroso
Por último, e não por isso ele é o menos importante: o Bode fica pertinho de casa e é meu refúgio em dias ensolarados. Um dos bares mais antigos do Rio – ou da Tijuca? – foi fundado em 1941 e surgiu antes do seu vizinho, o Estádio do Maracanã. Administrado também pela família, mantém a tradição com muito charme: os azulejos azuis, pé direito altíssimo, todo aquele clima de bar de antigamente que eu adoro. <3
O atendimento também é fora de série, com os garçons mais divertidos e atenciosos da parada. A caipirinha de limão vem numa coqueteleira “mofada” (o “mofo” é aquele branquinho de tão gelado que fica, sabem?) e é sen-sa-cio-nal! A comida é aquela que parece ter sido feita pela avó da gente, de tão maravilhosa: peçam sem medo de serem felizes o pernil com arroz, feijão e maionese por ótimos R$21! QUE SABOR, BRASYL!
Além dos pratos, servem porções de torresmo de barriga, sardinha frita, hambúrguer e outras muitas maravilhas para atender às lendas urbanas que pousam por lá antes dos jogos. E, se interessar, servem também pela manhã uma média especial <3
Bar do Bode Cheiroso
Rua General Canabarro, 218 – Maracanã, Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2568-9511
Segunda, das 8h às 15h, terça a sexta das 8h às 0h e sábado das 8h às 20h.
Aceitam cartões
Espero que gostem e, se seguirem alguma das minhas sugestões, me mandem por mensagem, me marquem nas fotos ou com a #blogueiradeboteco no instagram! 😀
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