No domingo fez um dia maravilhoso de pré primavera aqui no Rio de Janeiro (já sinto saudades dos meus casacos que eu mal usei nesse inverno, rs) e eu decidi passear no Aterro do Flamengo.
Uma programação super carioca que incluiu uma passadinha na Feira da Glória para nos abastecermos de tapioca, algumas paradas estratégicas para tomar água de coco, andar de bicicleta e skate com essa vista arrebatadora ao fundo, sentar na orla da praia para tomar fôlego e recarregar nossa paixão por essa cidade. <3
Eu decidi ir de macacão. Estava sem saco de depilar a perna (foi mal, mas quando os pelos estão maiores eu não curto exibir, hahaha), queria me sentir bonita para o passeio e, definitivamente, aproveitar que ainda não está um calor infernal para usar outras roupas que não sejam short e regata.
Escolhi esse modelito bem fresquinho, com tecido de algodão e linho, num tom claro para combinar com o clima. As pernas dele são mais amplas com uma fenda – o que também refresca. Optei por poucos acessórios, um tênis para reforçar a prioridade conforto, fui pra porta pra sairmos. Aí marido arregalou os olhos: “Como você está arrumada! Nem parece que tá indo ali pro Aterro”.
Macacão Karamello
Tênis Adidas
Lenço que veio em revista
Bracelete antigo Adô Atelier
Bike alugada no Aterro
Do instagram, eu li: “Você está linda, mas eu não usaria essa roupa pra andar de bicicleta”.
Claro que eu sei que macacões não estão no hall de peças práticas para passeios, principalmente por conta da ida aos banheiros, mas eu realmente não me importo. Eu sei que as pernas amplas e claras da peça poderiam encostar na correia e manchar de graxa (claro que aconteceu), mas também não estava me importando com isso.
Eu queria apenas me sentir linda e não ter que guardar roupa achando que preciso de um evento especial para usá-la. Quer evento mais especial que viver os dias? Que outro convite pode ser mais importante que esse?
Não estava interessada se as pessoas aqui da cidade costumam ir ao Aterro com roupas de ginástica ou de biquini, chinelo e short. Eu estava com uma roupa confortabilíssima, de tecido maleável e fresco, que me permitiu andar de bike por 45 minutos feliz e contente, uma roupa que me deixou feliz. Não me impediu de curtir o dia, pelo contrário: desprendida, ainda sentei no chão da orla da praia e fiquei ali curtindo aquele visual que inebria a alma carioca.
E aí parece que precisamos justificar o tempo todo nossas escolhas, como se fosse um crime se apropriar delas, principalmente se não seguem o que se coloca como norma. “É de linho. Eu estava confortável. Não, não atrapalhou o meu passeio”, uma justificativa seguida da outra, que poderia ser mais simples e se resumir em “Eu saí assim porque eu me curti assim”. 🙂
Não quero saber sobre regras que decretam e normatizam sobre nossas escolhas. Existe adequação, fato – mas se você está se sentindo bem e em nada agrediu o direito do outro de se sentir confortável com suas escolhas, isso não deveria te impedir de se vestir de você.
Roupas existem para serem usadas, para nos acompanharem e ajudarem a nos expressarmos pro mundo. Eu posso manchar esse macacão de graxa nesse passeio, como posso sair com ele para ir a um bar e derramar molho sem querer. Ou deixá-lo mofando parado no armário, esperando aquele momento certo (como se existisse isso), e, ao pegá-lo finalmente, notar um monte de pintinhas amarelas da falta de uso.
Eu posso ir pra casa das amigas de bicicleta, linda e maravilhosa. Posso ir ao trabalho todo dia também de bike, escolhendo só tecidos não muito fluidos. Eu posso ir a pé de um bairro a outro. Eu posso apenas querer parar e apreciar a vista.
Não existe a roupa certa para o momento. Existe a pessoa que você escolhe ser todos os dias pra você. 🙂
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