Eu gosto dessa palavra: rodada. Faço a ligação com o ser rodada a um tanto de coisa boa: vivida, experiente, livre, não levar desaforo pra casa, quem dá a volta por cima, a que se vira nos 30, quem conhece cantos e guetos.
Rodar a saia, rodar a baiana, rodar e dar a volta no mundo, rodar e ver a vida sob uma nova perspectiva, rodar e ficar zonza, rodar e brincar até cansar. A roda que não para, que se reinventa, que traz o novo fôlego, que mostra que, mesmo tontinha de tanto giro, nem sempre significa cair: tropeçamos, bambeamos feito bêbadas, mas nos mantemos ainda de pé.
Evasée, em francês, significa também com roda. Uma saia evasê, portanto, é uma saia rodada. Por isso, como não sentir esse desejo incontrolável de colocar essa saia rodando e rodando, acompanhando a gente por aí? 🙂
Vestido de brechó
Sandália Sacada
Bolsa Adô Atelier comprada em 2014
Brincos Sobral
foto: Denise Ricardo
Falando desse vestido especificamente, ele não tem marca; foi comprado de segunda mão, num brechó, e parece ter sido feito sob demanda. E que feitio, o dele! Acho a modelagem mega bem executada, o caimento é primoroso, o tecido é daqueles que dificilmente vemos em qualquer loja por aí.
Quando eu rodo essa saia, eu sinto todo o peso bom desse tecido, o movimento perfeito que a roda dela faz, acho poético, até. Também adoro a maneira que ele cria uma cintura em mim, trazendo um desenho bonito até para o meu busto.
Gosto que ele também faz uma alusão a uniforme escolar, nas cores, no desenho e no comprimento da saia. Acho tudo tão interessante nele, que se tornou daquelas peças queridas e diferentes do meu guarda roupa, a que mostra com todas as linhas e costuras o quanto faz falta uma roupa com personalidade nas vitrines, algo bem executado e durável.
Tristes tempos também para a moda, em que se roda, roda, e tudo parece continuar no mesmo lugar.
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