Eu já escrevi algumas vezes sobre as peças de roupa mais caras do meu armário – logicamente me referindo aos cifrões.
Num mundo em que meninas são idolatradas na web por seus arsenais de peças luxuosas ou por manterem verdadeiras coleções de bolsas de grife, numa sociedade em que mais e mais mulheres ficam presas no consumismo exagerado, que não identificam mais suas escolhas pelo que gostam mas sim pelos outros, num mundo onde o descarte do que já está defasado em 6 meses é rotineiro, minha alma brejeira me resignifica para o oposto: o luxo do simples. A valorização do feito à mão.
A roupa mais cara do meu armário não foi o vestido que custou 500 reais. Ela extrapola valores, ela não tem nem preço, na verdade. Sequer foi adquirida.
No meu aniversário, dia 21/02, eu estava em São Paulo e ganhei da minha amiga Renata uma blusa e um cardigan tricotados por ela. Nunca vou esquecer quando elogiei a blusinha que ela estava usando no ano passado e que respondeu ter sido feita por ela!
– Eu que fiz.
Ninguém mais faz nada hoje em dia – quer dizer, cada vez menos gente senta e dá um novo uso ao que já possui. Mais fácil substituir, menos trabalhoso comprar pronto.
Na hora um arrependimento de não ter dado valor quando vovó quis me ensinar a tricotar. Vovó fazia as roupas das filhas, presenteava as netas com cachecóis coloridos. Minha vó amava um shopping, mas mal sabia ela que aquelas mãos tricotadeiras valiam muito mais que qualquer etiqueta afixada em roupas.
E aí fui com a Rê na Novelaria, um lugar muito querido na Vila Madalena, escolhi fios de algodão na cor roxa e aguardei com uma ansiedade gostosa a feitura da blusinha. Vocês tem ideia da preciosidade do que é pensar que um amigo dispendeu esse tempo fazendo à mão algo pra você? Se isso não é se sentir especial, eu juro que não sei o que é então!
A lã rendeu além da blusa fresquinha para a carioca! Ainda ganhei um cardigan especial e uma fitinha também tricotada para ele. Um twin set especialmente para mim!
Um resgate do que é realmente precioso. Do que significa valor inestimável. Uma roupa que não escravizou ninguém. Que não foi feita em série, que não me deixará com a sensação de estar igual a todo mundo, de seguir uma moda que nos aprisiona ao invés de nos libertar, que nos transforma em um exército de meninas fardadas, vestidas exatamente iguais.
Ela me deixa única. Ela foi feita pra ser minha. E por isso é a peça de roupa mais cara do meu armário <3
Obrigada por me proporcionar isso, Rê.
ps: pendurei os tricôs só para as fotos, guardo ambos dobradinhos para não deformarem!
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