10 anos.
Ou, em bom carioquês, DÉIX ANOX.
Uau.
Nunca estive tanto tempo agarrada em algo. Nada, absolutamente nada, me manteve apaixonada assim por uma década.
O Hoje Vou Assim OFF não é apenas um projeto. Não é somente um blog. Não é um domínio nesse mundo www. Não é um palco para exibicionismos.
Sou eu aqui. Sou eu nesse mundo. São minhas ideias, meus pensamentos, meus desejos mais profundos, meu corpo, minha alma.
Um espaço virtual que me revelou pra eu mesma. Que trouxe reflexões tão profundas para mim. Que me permitiu melhorar como pessoa, aprendendo a ser mais paciente, tolerante, ouvinte.
Não foi apenas uma evolução de estilo, de roupas mais interessantes ou bem cortadas, saindo do baratinho, do achadinho, para uma projeção de conceitos mais elaborados sobre o que é moda e consumo. Sobre a importância dela para a vida da gente, essa vida mundana mesmo, não a dos eventos, apenas; a da mulher que virou mãe e não se reconhece mais ao ver suas roupas; da que emagreceu ou engordou e precisa enfrentar tantos estereótipos e julgamentos; da que trabalha muito, estuda demais, pega trem lotado, cuida de quem precisa, e, quando vê, não se viu mais.
Eu não sou eu, somente. Eu sou vocês. Vocês moram em mim. Residem minhas ideias, numa poética ocupação, uma desordem organizada.
Acordo vocês. Penso vocês. Crio vocês. Visto vocês.
Não conheço (todxs) vocês. Sei fragmentos que vocês escrevem. Que me contam ao pé do ouvido no abraço fraterno do encontro casual. Mas eu sei de vocês.
Após uma década, nosso diálogo é afinado. Sei perfeitamente o que agrada e desagrada a quem me acompanha. Sei o que gostam, o que esperam, o que buscam. Eu sei. É um relacionamento longo, profundo, bonito, verdadeiro. Sincero.
O blog sou eu, que são vocês, que somos nós. Não tem personagem, nem jogada de marketing, aqui é carne, osso, alma. Fibra.
O blog surgiu de brincadeira, mas que brincadeira avassaladora, viu. Que mudou minha vida ali, naquele 23 de abril de 2008. Que me fez entender, finalmente, meu papel no mundo. Minha missão de vida. Ressignificou meus valores e propósitos. Amadureceu minhas ideias. Me pôs em eterno conflito pessoal. Me fez questionar muita coisa, inclusive, também duvidar muitas vezes de mim mesma. Já deixei de dormir, de preocupação, descrente do que estava fazendo.
Nem tudo foram flores: já tive meus momentos com esse cantinho virtual. Já amei escrever pra cá, já odiei na mesma intensidade. Já me senti obrigada a escrever, já me senti leve. Já achei que estivesse fazendo tudo errado, paniquei. Já respirei, mais calma, ajustei aqui e ali, segui os rumos. Segui aqui dentro o que poderia ser mais importante para esse trabalho. Já olhei pro lado e me senti uma bosta, a pior blogueira, a que nunca era chamada pra nada. Já fui cortada de listas e mailings, já me senti estranha em eventos, deslocada de tudo, já me disseram que eu jamais prosperaria sendo tão crítica, já fui excluída, chamada de cópia, ja fui usada e ridicularizada.
Em contrapartida, fui em frente, não esmoreci. Toquei na ferida, disse verdades, fui leal com minha essência e com minha audiência. Enquanto todo mundo me falava pra virar blogueira, eu não só mantive o blog como criei, a partir dele, uma carreira, um nome acima do nome dele, Ana Soares. Formulei cursos por conta própria, fiz eventos sozinha, fotografava com a ajuda de um tripé, escrevia na madrugada, dei perdido em chefe, fotografava no meio da rua na hora do almoço entre um emprego e outro, trocava de roupa também no meio da rua, levava sacolas de roupas dentro do ônibus pra outra zona só para ter mais qualidade nas fotos, sacrificava finais de semana para produzir postagens, chegava de viagens e corria para a C&A para resenhar coleções, diagramava as postagens do celular para subir o assunto com rapidez, mobilizava amigos, marido, mãe, para conseguir fazer mais, atendia cliente de consultoria mas voltava correndo pra diagramar revistas de clientes, escrever conteúdo pago, me maquiar, fotografar sorrindo.
Fiz amigos pelo Brasil todo, fechei trabalhos importantes com marcas grandes, tive o privilégio de apoiar marcas menores, de ajudar, de apontar caminhos, de contribuir pra vida de tanta gente que nem sei, de me colocar nessa situação privilegiada de poder mudar de carreira e viver do que acredito, de ter turmas cheias dos meus cursos, de estar escrevendo um livro.
Não tinha como não ter alma aqui. Não é apenas um corpo sendo cabide de roupas: o sorriso escancarado, que estampa 99% dos looks daqui, denuncia o quanto eu amo tudo isso. Mesmo cansada, doente, não é sacrifício algum fazer o que faço. Eu me considero uma criatura privilegiadíssima. Não fiquei rica com o blog, não comprei casa, pelo contrário, hoje eu tenho 8 pessoas trabalhando comigo e cada curso gera capital para melhorarmos mais e mais a entrega das nossas ideias. Mas como eu sou grata por tudo que me tornei a partir dele.
Aí me liguei que não somos um canto. Somos uma grande comunidade de trocas de ideias e impressões não apenas sobre moda, mas sobre a vida da gente. Aqui é a minha sala de estar mais colorida, o meu boteco mais amado. Onde eu puxo a cadeira e convido vocês a sentarem comigo. Onde eu encho o copinho de cerveja pra gente brindar, enquanto a coxinha está fritando na cozinha. Onde eu pego na mão e digo “vem”. Onde vocês puxam meu braço e me asseguram “Vai, Ana, estamos com vocês”. E a gente se abraça.
Desculpa o palavrão: puta merda, que lindo. Não teve um dia, nesses 3.650 dias blogando e atuando nas redes sociais, que eu não acorde e não ache foda demais tudo isso que construímos, JUNTXS.
Vocês acompanharam uma brincadeira entre amigos, que virou um registro solitário na minha casa. Viram eu dar adeus aos meus entes mais amados. Acompanharam minha transição de carreira. Minhas vitórias. Minhas derrotas.
Com vocês eu não me sinto só. É clichê, mas é real: eu olho pra tela do computador e escrevo, solitária, há muito tempo. Cada comentário é um afago, cada encontro na rua é um combustível. Eu estou aqui, só, mas não me sinto só quando escrevo, porque eu sei que milhares de olhos vão me acompanhar e marejar comigo. Cada comentário relatando algo me ajuda a crescer. A reformular. A estudar. A me aperfeiçoar. A buscar mais excelência. A ampliar o horizonte. Olho no olho.
Gente como a gente.
Essa é a definição que eu mais ouço quanto blogueira, que sou essa mulher que se preocupa, se mantém firme no seu propósito, propósito este que norteou todo esse conteúdo há tanto tempo, os quase 1.000 looks postados.
Mas, sabem, não tem como não ser diferente disso. Essa gente como gente que vocês gostam tanto de me chamar. Não tem, sabem por que? Porque nós conseguimos, de alguma maneira muito linda e inspiradora, estarmos juntos, se apoiando, acreditando e sendo, nesse período todo.
Eu olho pra tela e vejo vocês. Me reconheço em vocês. Resisto e existo pra esse propósito.
Aos nossos 10 anos: meu mais profundo e emocionado, obrigada. Meu coração exposto pulsante. Minhas ideias mais loucas e acertadas. Obrigada! A comemoração é inteira NOSSA!
Preparem-se para uma semana abarrotada de conteúdo comemorativo, com revival de looks antigos, curiosidades, equipe, agradecimentos, pensamentos, e muito mais. SIMBORA!
Deixe um comentário