2020 não estava pra bricadeira mesmo. Aliás, minha meta para 2021 é voltar a atualizar no mínimo este blog de 2 a 3 vezes por semana – infelizmente o instagram nos levou todo o engajamento e interações, virou uma ferramenta única e fácil de atualizar…mas aqui é a minha casa. Aqui é onde eu consigo escrever sem limitação, sem depender de algoritmo!
Com neném e pandemia, tive que ficar mais no instagram, mas aos poucos vou trazendo pra cá o que tenho postado por lá. E acho que a notícia mais marcante foi a do meu desapego geral! Todo ano eu venho aqui falar que desapeguei, blá blá, mas vocês não estão entendendo: eu inclusive me desfiz do meu armário!
Senta que lá vem história, rs.
Começou assim, de um jeito bizarro: eu me mudei do meu bairro amado, a Tijuca, para a Ilha do Governador, um bairro mais fora de mão. Meu marido Igor me convenceu a procurarmos algo no bairro onde ele morava, mais sossego, menos violência, mais espaço por menos grana…isso eu grávida. E nessa de ser mais uma coisa resolvida na lista de tarefas, viemos pra um apto tipo casa, seduzida por um quintal e um espaço pra Nina. AHHHHHHHHHHH!
Bom, eu nunca gostei de lá. Minha intuição (pq não ouvimos ela?) gritava, mas já estava feito, Nina nasceu em casa inclusive. Ao longo dos meses eu fui me sentindo mais triste. Achei que fosse depressão pós-parto, mas amigas descartaram a hipótese, assim como minha psicóloga. Igor começou a ter enxaqueca diariamente, mal estar. Eu tive cansaço também, mas né, recém mãe. Até Nina começou a tossir.
Um dia ela estava tirando uma soneca, quando decidi arrumar o armário. Eu mal mexia nele por conta da pandemia, sem sair de casa. Aí reparei que minhas bolsas estavam MOFADAS! Uma chegava a estar verde! Me desesperei: blusas, casacos, sapatos, muitos mo-fa-dos!
Postei nos stories do instagram, aproveitei para mostrar como limpava o mofo, quando fui alertada pelas leitoras sobre os perigos para a saúde ter contato com fungos. Fui pesquisar sobre…e tudo fez sentido. O mal estar e desânimo que sentíamos há meses era causado pelo mofo!
Igor arrastou o armário e ele estava completamente verde atrás. Fiquei horrorizada. A parede atrás dele, úmida. Em poucos meses, o mofo fez estrago. Tive que lavar TUDO, limpar TUDO com vinagre branco, colocar couro no sol. Tirei tudo do armário, compramo araras e deixamos na sala. Um atraso de vida, uma trabalheira sem fim.
Fora nossa corrida desesperada atrás de um novo imóvel, ensolarado dessa vez, eu fiquei de saco muito cheio. Bem que falam que maternidade nos faz repensar o estilo, nos desencontra dele, mas eu senti na pele, de verdade, o fardo que era carregar tanta coisa há tantos anos. Saia que não vai caber nunca mais – e nem quero. Vestidos que não rolam pra amamentar. Saltos e mais saltos, que eu mantia apenas pra fotografar looks.
Na hora que vi tudo mofado, fiquei triste, afinal aquelas roupas eram minha história. Mas não, minha história sou EU, elas quem me acompanham! Durante muito tempo eu acreditei que eu só seria quem eu era por conta das roupas. Mas eu fui amadurecendo, trabalhando minha auto estima, compreendendo que sou uma mulher incrível, sem achar que preciso de muletas emocionais.
Impressionante como o sistema trabalha para nos manter vítimas dele. Definir nosso gênero por isso! Do consumo exagerado, de depender de coisas para nos afirmarmos, de nunca estarmos satisfeitas de verdade, por mais que tenhamos muito de um tudo. Criando necessidades que não são reais, que não nos definem. No fim se resume a nos manter ocupadas e com menos dinheiro. Aqui, não mais!
O desapego definitivo
Torrei a paciência, mandei mensagem pro enjoei, site de vendas que é meu parceiro antigo, vcs sabem, e mandei oito caixas de desapego pra lá, entre roupas, sapatos, bolsas e bijus. Ainda separei mais, mas não consegui mandar o restante a tempo, mais uma vez atravessada pela pandemia (não estamos saindo, dependemos de terceiros). Ou seja, aqui ainda tem mais coisa pra uma nova leva de vendas. Entra no ar dia 06/01 a lojinha, aviso aqui!
Dos muitos e muitos sapatos que ocupavam minha sapateira, trepados um no outro, restaram uns 20, no máximo. E ainda tem muito! Acredito que tenha tirado 40% do meu guarda roupa. Também acho que pode sair mais coisas, mas já fiquei orgulhosa de mim mesma.
Meu armário eu doei, até pq sem condições de trazer ele pro apto novo. Lembro em 2013, eu comentando aqui que queria um armário maior para caber tudo, rs. Postei ele, adorava a porta de vidro reflex. Aliás, vim pra um apto que não cabe armário, de tão pequenos que são os quartos. Paciência, foi o que deu pra sairmos logo do mofo. Mas só de não estar mais lá, eu me sinto animada de novo! Feliz! UFA.
Voltando, nos desfizemos de dois armários, uma cômoda e uma sapateira. Aqui tem um quartinho que quero transformar em closet, está tudo em araras e me preocupa isso, por conta de poeira, contato com luz. Mas sinto cansaço só de olhar aquele ainda monte de roupa. Sem sair de casa, com neném, a vontade é ficar com meia dúzia de peças confortáveis e elegantes, de tecidos naturais, e só.
Ainda não sei como resolver o mini closet, mas é isso. Às vezes fico chateada, com todo o stress e prejuízo, pensar que todo mundo normaliza o mofo e ele faz tão mal. Mas tb não tenho mais paciência e tempo de olhar pras roupas.
A Ana blogueira eu queria ter um acervo, muitos sapatos, acessórios, guardava muitos pq, afinal, eram minha ferramenta de trabalho, com roupas contando histórias, mas agora eu não sei nem onde estão algumas peças “importantes” (ainda tenho coisas encaixotadas, antigamente ficava tudo no meu quarto, agora esapalhados), e penso nessa efemeridade, como coisas estragam e não dá pra depositar tudo nesse apreço, sabe. Eu falava isso demais aqui, mas na real eu não sabia na prática! Impressionada como meu foco mudou, e como me sinto LEVE por não ser mais aquela sedenta por looks e novidades.
Poucas coisas despertam meu interesse hoje, até pq eu não tenho saído mais – isso me lembra que, trabalhando fora, o quanto eu era constantemente bombardeada com lojas pelo meu caminho. Eu tinha roupa só pra ir a eventos, hahahah, rindo. Ou aquela ida despretensiosa ao Shopping para conferir novidades. A solução era chamar a organizer para que ela fizesse mágica botando tudo pra caber. Mas isso tudo se esvaziou, mesmo com a vacina, quero ficar mais com minha filha, direcionar minha energia e dinheiro para me manter tranquila.
Eu ainda gosto de cores, estampas, brincões, não virei a basicona, haha, mas não me imagino mais mantendo coisas desconfortáveis, pouco práticas, mil bolsas. Quem diria que um dia eu escreveria isso no meu blog.
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