Essa semana atendi algumas clientes de consultoria de estilo e uma delas precisava urgentemente desentulhar o seu guarda roupa – não que ela tivesse identificado essa necessidade, mas quando abri as portas do armário, notei que tinha muita coisa parada, o que dificultava demais perceber o que ela usava e o que estava ali só ocupando espaço.
Esse foi o resultado de 2 horas e meia revitalizando uma parte do armário – ainda tivemos a pilha da outra parte, resultado de outras horas de trabalho.
Nessa pilha tivemos dezenas de camisetas, calças que não vestiam bem, vestidos sem uso, roupas já desgastadas, aquelas peças que ganhamos de presente e não tem nada a ver conosco, roupas que já tinham sua versão similar no armário, outras que não tinham a ver com a proposta de identidade visual que desenhei pra ela.
Claro que é chocante observar o quanto somos capazes de guardar/acumular/juntar peças acreditando que um dia elas farão a diferença, poderão ter a sua oportunidade ou resolver as nossas necessidades no vestir. Mas fato é que elas estão ali apenas com uma função de muleta emocional do que necessariamente trazer praticidade.
Ainda mantivemos uma quantidade ótima de roupas, com muitos vestidos, algumas boas blusas, boas terceiras peças. Claro que a cliente ficou ansiosa e pensou imediatamente em novas peças para substituir as que saíram.
“Eu estou sem roupa!” – e portas e mais portas indicando que, na verdade, ela tem um guarda roupa que precisa ter uma boa proporção, e não quantidade.
Essa etapa é apenas um processo, que pode ser assustador no início, mas se torna um aliado à medida que os ensinamentos são passados e entendemos que quantidade não significa variedade.
Eu mesma acreditava que precisava ter muita coisa no armário para criar variações. Ainda tenho meus acúmulos, mas estou cada dia mais feliz com o que tenho montado a partir do que tenho, do que recorrendo toda hora a uma novidade nas lojas.
Por que é importante abrir espaço no armário
Facilitar a vida
Como eu escrevi nesse post, um dos grandes motivos dos meus atrasos e das minhas frustrações ao vestir era ter muita coisa entulhada, Eu vivia confusa, não sabia o que ali ainda servia, o que precisava de ajuste, o que tinha a ver com meu estilo, o que eu queria usar primeiro – já que tinha MUITA coisa parada e eu queria usar tudo ao mesmo tempo na primeira oportunidade.
Resultado? Repetia os looks mais por preguiça de mexer naquela montanha de roupa.
Visualizamos melhor o que temos
Às vezes acreditamos que precisamos de uma camisetinha básica, aí arrumamos o armário e descobrimos dezenas de camisetinhas perdidas, ou então lembramos que compramos um vestido bacanudo, mas ele estava ali, escondido dentro de alguma sacola.
Entendemos melhor o que realmente vai fazer a diferença
Ao invés de comprarmos o décimo terceiro vestido que vamos usar só duas vezes, pode ser mais interessante perceber que não temos boas calças para trabalhar e correr atrás de algumas.
Desentulhar e fazer um inventário, contando o que temos, ajuda a compreender se o seu guarda roupa está em harmonia com seu estilo de vida e se ele atenderá as suas necessidades reais. Não adiantava, por exemplo, eu ter uma coleção de peças de paetê se eu saio pouco para eventos, enquanto o que eu precisava mesmo era de uma calça de alfaiataria moderninha e que vestisse bem para eu dar palestras e trabalhar.
Promove criatividade
Ter muito não significa opções, como eu escrevi lá em cima. Isso porque são apenas roupas paradas, que nos fazem acreditar que terão serventia algum dia, mas, na real, na real, dificilmente recorreremos a elas quando chegar o momento. Muito comum guardamos um tanto de coisa com essa esperança e, na hora H, a vontade de ir ao shopping comprar algo correndo pra usar naquele dia foi a que prevaleceu.
Quando nos propomos a usar o que temos, buscamos inspirações e ideias para versatilizarmos, criamos novas produções, improvisamos, estimulamos nossa criatividade – e isso traz muito mais satisfação do que aquela bad vibe de gastar, gastar, gastar e ainda ficar coma sensação de nunca ser o suficiente.
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Desentulhar o armário e mantê-lo só com peças realmente usáveis e que dizem muito sobre quem nós somos significa promover uma rotina mais leve, além de uma mudança de pensamento de acreditarmos que precisamos sempre de algo novo.
A verdade nua e crua é que precisamos mesmo de tanto?
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